quinta-feira, 15 de setembro de 2011

De novo a bolha.


Dia desses, logo de manhã, vejo no telejornal um “corretor de imóveis” dando uma declaração sobre o boom do mercado imobiliário no Brasil. Mais uma vez percebi que muitos colegas de categoria ainda não se preocupam em se informar sobre, ao menos, minimamente sobre o mercado imobiliário, tampouco as situações políticas e econômicas, que influenciam direta ou indiretamente nosso setor. Por conta disso, corretores despreparados têm transmitido informações equivocadas, para clientes, proprietários, e para o mercado em geral, inclusive publicamente como no caso do telejornal.

É importante importarmos tecnologias como os tablets, smartphones, e outros “brinquedinhos” americanos que nos facilitam a vida, mas querer importar uma bolha imobiliária é muita falta de conhecimento.
É preciso uma série de fatores econômicos se desenvolverem ao mesmo tempo para a ocorrência de uma bolha, e como já escrevi anteriormente: preço não forma bolha.

Para que isso seja melhor compreendido vamos comparar o mercado imobiliário Brasileiro ao dos EUA.
1- No Brasil não ocorrem negociações de hipotecas imobiliárias como nos EUA; Aqui no caso de aquisição de imóveis praticamos principalmente a alienação fiduciária, que em caso de inadimplência permite a retomada do bem e disponibilização para leilão.
2- Aqui também é feita uma criteriosa analise de crédito do então pretendente comprador; nos EUA crédito é oferecido, também com base em uma análise de crédito, porém o analisado bom pagador consegue uma hipoteca com juros mais baixos, e aqueles que não possuem um bom histórico acabam tendo que pagar juros mais altos.
3- Mas com certeza o fator que mais relevante para o estouro da bolha que causou a crise americana em 2008 é que naquele momento os negócios imobiliários movimentavam em torno de 60% do PIB daquele país; Para termos uma idéia, no Brasil o mercado imobiliário com a força do boom dos últimos anos, movimentou no ano de 2010 menos que 5% do PIB brasileiro.

Quando analisamos o histórico imobiliário no Brasil, percebemos que, na verdade o que vivemos não se trata nem ao menos de um boom no mercado imobiliário, mas sim de uma adequação tardia após 10 ou 20 anos de estagnação causada pela instabilidade econômica vivida em um passado recente. Se compararmos a diferença entre a influência do mercado imobiliário americano e brasileiro em relação aos respectivos PIBs, e o grande déficit habitacional que ainda existe no Brasil, há ainda muito espaço para crescimento e valorização neste mercado.

Então colegas corretores de imóveis, mais uma vez dou a dica: leiam jornais, revistas, sites, se informem, só assim temos condições de entender nosso mercado, planejar nosso trabalho, informar corretamente nossos clientes e nos valorizar como profissionais. Valorizem o mercado, pois ele está se valorizando e valorizem nossa profissão, pois ela esta se valorizando.

E por favor, esqueçam o fantasma da bolha, pelo menos pelos próximos anos. Como diria o Padre Quevedo: “Isso no ecxiste!” hoje no Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário